quarta-feira, julho 25, 2007

interior

vivendo às duas da manhã! arrumando a mochila. indo. pelo menos dessa vez sem avisar. só chegar na cidade no alto da serra grande, esperando pelo frio. levando livros e uma história para ser escrita. o ônibus sai às oito horas da manhã. e ainda aqui. sem querer dormir agora. sem querer dormir mais tarde. quero ver as cidades passando pela janela. com todas aquelas casas coloridas, com familias reunidas nas calçadas, cadeiras de balanço, de couro. com admiração e brilho no olhar. poderia descer em cada uma das cidades, andar pelas ruas, ouvir as conversas. pelas feiras. bodegas. botequins. de volta ao início. percebendo que, apesar do tempo, algumas coisas não mudam. ainda caminham pelas calçadas com aqueles chapéus típicos. cumprimentando. as vezes se conhecem, mesmo somente de vista. "bom dia", "boa tarde", "boa noite" são distribuídos pelas ruas. e tenho medo de responder. porque o hábito nos pune em certas horas. cansa andar por aqui. esbarrar nas pessoas pra sentir o toque, pra sentir vida. fechar vidros e portas. viver sempre o medo mais intensamente. todo o medo. medo de que alguém me olhe mais de perto e veja todos os pecados. quando volto de lá? espero trazer de volta a vontade de ser vista, de ser ouvida, de que gritem meu nome de alguma porta enquanto ando pela cidade, quero que sintam o mundo, as ruas, as pessoas. quero existam mais pessoas assim. quero que a cidade ganhe uma familia e traga de volta a pureza, a simplicidade de uma pequena cidade no alto da serra grande.

sábado, julho 21, 2007

queria aquele brilho no olhar. e todas aquelas coisas e histórias consideradas clichês.

terça-feira, julho 17, 2007

um só dia

incrível como as coisas que começam tão fortes vão se diluindo com o tempo, talvez volte se eu puder chegar perto. mas vamos seguindo caminhos diferentes, e o fascinio vai se perdendo pelo percurso. talvez as mais belas histórias fiquem mesmo melhor como lembranças, uma memória feliz, uma boa história pra contar. talvez falar tanto de certos dias seja um meio de trazê-los de volta. vou construindo minimamente algumas cenas, minha memória as vezes confunde, entre tantas, o que realmente aconteceu? queria ser capaz de lembrar de cada palavra. as ruas eram diferentes. mas a força, a paixão, eram as mesmas. é o que mais importa.
[antes do amanhecer - antes do pôr-do-sol] algumas cenas semelhantes.

domingo, julho 15, 2007

impressão

algumas pessoas já na primeira impressão, à primeira vista, trazem uma idéia, uma imagem, que até o tempo tem dificuldade de afastar.
vamos tirando pequenas coisas dos mais diversos lugares. e construindo cada folha. nos apropriando de alguns pequenos detalhes da vida dos outros. alguns pequenos resquicios, como o som das vozes. o mundo nos enche de lembranças e preciso guardá-las em algum lugar.

quinta-feira, julho 12, 2007

fortaleza

sentindo o cheiro da chuva durante a madrugada. às três da manhã, talvez não seja a melhor hora pra estar acordada. mas não resisto ao desejo de viver a noite de uma forma absurdamente simples. uns minutos de chuva forte, o suficiente pra acalmar. o silêncio. o desejo maior é de estar fora de casa, de andar pelas ruas vendo a calma ou o turbilhão que movimenta a noite. cada rua contaria um pequeno trecho do conto. seriam como personagens lapidando cada frase. quanto tempo preciso passar olhando pra essa cidade e escrever um pouco dela? as vezes o caminho mais longo é o melhor. talvez seja sempre. tem mais ruas e pessoas passando pela minha vista. e vou absorvendo tudo, cada cheiro, som, cada sensação. o vento forte quando chega perto da praia. uma rua daquelas mais altas e embaixo um pouco da praia da futuro, ambientada claro pelos contrates tão comuns por aqui, também. o olho se prende nas pequenas relações que passam pela janela, uma mãe que carrega o filho no colo ou o puxa pelo braço. as pessoas subindo as escadas de um pequeno (bem pequeno) "morro" pra chegar às suas casas, um cemitério... uma igreja na frente. no começo da beira mar. beira mar, cartão postal. onde o fluxo talvez seja de segunda a segunda. com pessoas correndo pelo calçadão, em meio a diversos estrangeiros, alguns que vem por um turismo não tão bom, nem sempre são as nossas praias que eles vem conhecer. beira mar, um lugar pra ser visto. como tantos. pena as paisagens as vezes camuflarem uma poluição e um desrespeito tão absurdo. passa por hoteis, de três, quatro estrelas. pelo aterro da praia de iracema. e um prédio, que não canso de observar. um prédio meio sem nexo, sem equilibrio, que surpreende, que tem beleza, apesar de não ser exatamente um lugar ideal pra se morar. podia ficar horas diante daquela fachada. vendo o movimento das pessoas entrando e saindo. convivendo mais de perto, propicia até à esbarrões. a multiplicidade que corre pelas ruas. que anda e se aproria de fortaleza como cenário. quero contar essas pequenas histórias. da convivência com esse espaço. com essas pessoas. que as vezes, anônimas, nem são vistas. talvez eu tenha conhecido, já há algum tempo, uma exceção.

domingo, julho 08, 2007

alguns lugares

[ jericoacoara - ceará]

alguns lugares merecem espaço na memória. são algumas dessas lembranças que dão força pra levantar. pra tentar em certos dias ver o sol nascer. porque não há hora mais linda. onde os sons, a calma e as pessoas ainda tem alguma pureza. talvez porque a maioria dorme a essa hora. assim a sinceridade está ali. na beira da cama de cada um. nos assistindo dormir.

vontade

a vontade é conhecer o inusitado. passar meio perdida pela multidão. café ao ar livre no centro da cidade. vendo as pessoas passarem, conversarem, sorrirem. sem olhar pra mim. porque afinal, quero ser a incógnita. o anônimo livre pra observar. e contar. e me apropriar de pequenas histórias.

domingo, julho 01, 2007

brisa

certas coisas não se pode esperar por muito tempo. passo horas por dia observando. calma. os lugares e as pessoas andando, sentados em bancos de praça. pensando em mim no lugar deles. com olhar calmo. e livre de certa forma. querendo o mundo em cada parte de mim. trazendo todas as lembranças e imagens. num quadro vou pintando um pouco de cada lugar, pra mentê-los perto e vivos. visto em camêra lenta, querendo que as imagens puras, paradas e simples sejam mais fortes. um album de fotografias. uma coleção de histórias. me bastaria pra viver uma casa sob o sol de uma cidade meio esquecida por todos. pra começar. tantas coisas nos levam de volta, como se não importasse o que se vê além da janela. pela primeira vez quero que as portas e janelas, abertas, deixem o sol entrar. com um suspiro da brisa. renovando o ar e os sonhos. com todo o tempo pela frente.