domingo, abril 12, 2009

ela disse: quando fecho os olhos não vejo, só tento ouvir. o melhor agora é não reconhecer a voz. em alguns momentos a distração ajuda. você não sente mais os toques leves, nem percebe a mão encostar. tento todas as noites só ouvir e ter a cada fechar de olhos uma nova sensação. quem sabe dessa vez eu não vá para o canto... quem sabe dessa vez eu não desvie, me permita.
ele disse: sem tantas permissões. sem tantos desejos. assisto a maçaneta girar devagar. já sem tantas precipitações, já não correr para porta. finge não ver. fingi não ouvir. se anula um pouco. fica só. se permitindo pros outros, não pra você. quando se sacia um desejo ele talvez renasça diferente.
e com suas opiniões, sensações e desejos diferentes. não conseguem ficar longe. toca a mão dela. encosta no ombro. mexe nos cabelos. se deixa ficar. perde a imunidade, perde a proteção. se deixa a flor da pele. pra cada sensação nova, pra cada continuação que surja. de uma imagem em preto e branco a cor surge. a cor é quase a respiração da vida. sem cor o tempo não passa. sem a cor não se tem vida e sem vida não se tem porque respirar. com a cor tudo é superado, em algum momento se vê uma especie de arco iris que prevê dias mais felizes.
: cigarra e borboleta.

segunda-feira, abril 06, 2009

tentando escrever. tentando organizar a vida, as idéias. mas as vezes o tempo me parece pouco, os dias me parecem rápidos, curtos, tanto que minam tantas e tantas possibilidades. pavio curto. explosiva. e jogo a culpa toda nesse desejo absurdo de liberdade. de realizar sonhos. cheia deles. as vezes por coisas mais práticas, as vezes por coisas mais sentimentais. quem precisa fazer sentido? os segundos me mudam. mudo de idéia. quando percebo e penso nas coisas, elas já passaram, já fiz, já falei, já gritei alto. já fui absurdamente precipitada. mas quem disse que isso precisa ser ruim? se não me querem perto assim, talvez não sejam as pessoas que precisam estar perto. no mais. sou feita de pedaços de coisas, de recortes, de fragmentos, de reflexos do mundo. de sentimentos, de idéias, ideais, metaforas, clichês. junta mais um pouco das frases de clarice, de vinicius... das músicas de chico, tom, toquinho, gonzaquinha, beto guedes, belchior... dos filmes da vida. das imagens da vida. dos segundos que passam rápido, dos que passam devagar. é pela contradição. pelo complexo que se pode definir, ou melhor, não definir a vida de alguém. ninguém se conhece o suficiente, é imparcial o suficiente... e todos tentam. pelo menos pensar sobre isso ajuda a pensar na vida, a se questionar, a se transformar... vivendo por aí, uma essência. uma idéia de alguém. quem sabe um personagem criado, que vive andando pelas ruas. dias de liberdade. de viagens. de imagens...entre as coisas que se ama...entre as coisas que se quer...o gostar é o que faz ser...entre as coisas que gosta se modela a personalidade...então talvez eu possa ser poesias, metaforas, imagens, livros e discos...assim...sendo...

mudança

pode me olhar com calma. vai conhecendo aos poucos. nenhuma repulsa é tão imediata. nenhuma saudade é tão intensa. nenhum amor é tão...único. deviamos simplesmente deixar o tempo passar. que nenhum orgulho mate o arrependimento. deixando que as mãos fiquem juntas. olhando e se deixando olhar. os rostos bem perto. o sorriso compartilhado. vamos ser juntos. eu ainda posso esperar.
{01/02/09}
não vamos ser. que o tempo passe. já não posso e não quero esperar.

andando pelo tempo

desde ontem quando até as rosas murcharam, deixando cair cada petala aos meus pés. chorava com elas. na noite em que até eu consegui dormir. depois de ver as estrelas sumirem. sentindo o vento, de olhos fechados, quase podendo me levar. nos meus sonhos ou instantes, nos meus segundos longos. com uma luz que não me traz nada. rasgando petalas e folhas. pela primeira vez os gritos não eram meus. alguém me viu de longe, de um telhado escuro. e não pude mais fingir. não importam os sentimentos? não importam os sonhos? ::: ...só começo... só consigo pensar nas rosas que eu não tive. em tudo, que talvez o tempo me impeça de ter. as notas inacabadas, os sonhos dispersos, vazios... quem precisa me entender? ::: me olhou por segundos. deteve os sentidos e pareceu mesmo fingir. ::: sinto muito mas só falei as coisas certas. queira que os meus dias sejam felizes. mesmo longe. não percebo ausência...nem medo nenhum. ::: eu teria esperanças. nada como sonhar. é o que nos mantêm felizes e à salvo.

{2005}

ao reflexo

(...) poder falar e dançar a vontade (...) que o amanhã venha sem eu sentir. só sendo. só tentando ser. só livre. aberta e livre pro mundo. pra mim (...) que amanhã eu acorde com a mesma vontade e com a mesma possibilidade de só deixar a vida ir. que pelo menos minha semana seja assim. interna. só. e livre. (...) quem sabe?! hoje, honestamente, nenhuma compreensão é plenamente certa, não pode ser, pelo menos por enquanto. quem sabe com o tempo as dúvidas virem certezas. ou não. (...) algumas coisas a gente só pode sentir quando está sozinha.

(...) a vida é um sonho. nunca se está plenamente acordado. você está pensando e imaginando coisas, e criando situações, pensando nos diálogos que só eu vivo. sozinha na minha cama antes de dormir. todas as noites. eu vivo. com pessoas que ainda nem conheci. vivo com o que pode ser o futuro. as pessoas não fazem muito sentido. (...) um dia eu encontro alguma resposta. mas a vida é um sonho. e eu nem sei quando de fato estou acordada. (...) por uma coisa ou outra as pessoas são feitas pra serem conhecidas, admiradas, pra gostar, pra que gostem. todas as relações nutrem amor. e são amores lindos. os que passam. os que ficam. os que se transformam. eles existem, existiram. e na memória fica pra sempre alguma imagem disso tudo. mesmo que a minha falhe. ainda vai existir um pouco do mundo pra me lembrar.
entre 06/02 e 06/03