quinta-feira, agosto 19, 2010

São


São como... essas limitações impróprias da vida. Me pergunto como ainda hoje algumas atitudes soam ainda como uma afronta, como um risco, como uma raiva alheia ao que não se permite perceber. Sábios são os loucos, definitivamente. Aqueles onde a coragem é um ben primordial, o mais forte, o mais consciente dos sábios se permite. Ousa escrever palavras fortes e gritantes, ousa contar da própria vida mais do que deveria. Ela é mais forte ou frágil do que parece? A quem diga que seu comportamento não lhe traz, não lhe leva a nada. Isso importa? Ah, foda-se. E quem mais quer que critique a coragem das palavras, que grite mais alto que essa mulher que alimenta a vida de felicidade e sonhos.  São as coisas e atitudes frágeis e breves. A vida é recheada desses segundos felizes e horas e dias de preocupações absurdas com o que podem pensar. Não pra todos, felizmente. Há quem perceba esse dom breve de sequências e idéias absurdas, corajosas, que enfrentam mais do que ao próprio reflexo. Se é fácil alimentar a alma? Se é fácil alimentar o corpo e o prazer que deita ao seu lado? Se é fácil gritar aos opostos? A coragem corre nas veias da pessoa que inspira essa alma e esse corpo são, até excessivamente são.

impressões

eu visualizo. de um lugar distante, sem muitos sons. as imagens se mesclam com o olhar miópe. as luzes são meros pontos luminosos, como se um ponto fixo se expandisse e  se juntasse às cores do céu. quem percebe as gotas na lente? os olhos escuros? a voz mais rouca do que deveria, sem importar. já não canta tão alto, nem sussura ao ouvido de alguém.


é de um encontro aleatório, sem expectativas. ao mesmo tempo, em que olha pros lados buscando rostos familiares. uns e outros que você encontra pelas ruas e bares da vida e aprende a só cumprimentar. se familiariza com os gostos alheios, mal conhecendo. admira à distância os caminhos de vidas de pessoas que mal lembram seu nome. estranho é nomear sentimentos e encontrá-los pelos rostos e sorrisos de quem te encontra uma vez só. estranho é algumas pessoas imaginarem que realmente conhecem você.


sou ao mesmo tempo a melhor e a pior pessoa. a mais feliz e a mais dramática. a companhia e amiga de vários e a mais sozinha. a mais cuidadosa com as palavras, a mais eloquente, a mais calma, a mais excessiva... a que ama demais, a que sente mais raiva... sob perspectivas e olhares diferentes. onde fica o meu? onde fica a percepção clara do que vejo no reflexo do espelho e por trás dele?


se gastar meu tempo diluindo essas impressões... se gastar a vida justificando as escolhas, os acertos e erros. se deixar que conduzam essas raras escolhas que a gente tem o "direito" de fazer... o que sobra? umas miséras horas recheadas de noites mal dormidas, de programações excessivas, de cuidados absurdos.


olha pros dois lados. passa dias e noites (principalmente) procurando o familiar, o semelhante.. aquele que se reconhece em uma ou outra frase. quando encontra... se faz o que? fica imersa em si mesma. fingindo que o dia espera encontrar algo mais....

segunda-feira, agosto 16, 2010

desapego

sob certas tentativas. estabelecendo certos contatos. proximidades. sem atitudes exatas. sem certezas ou cuidados. algumas insistências deveriam ser ignoradas. algumas brincadeiras e excessos. será? tentando efetivar um certo desapego. tentando lapidar alguns sentimentos que duraram demais. apagando algumas memórias, necessidade? talvez. depois de feito um arrependimento (não tanto) nutre o corpo de idéias erradas.

sem focos estabelecidos. sem desejos concretos. quer ir vivendo da maneira que for. concretizando coisas, deixando o caminho livre para as surpresas que surgirem. é, de certa forma, um guia.. de comportamentos, de cuidados, de situações... se é necessário? nem sei se isso importa. vai tentando construir o mais lento possível. vai tentando conhecer na marra. forçando as portas dos sentidos alheios. tudo parece significar.         

"não, eu não alimentei isso". 

será que não? tenho frases marcadas, tenho conversas na memória, tenho alguns dias recentes, alguns cuidades, atitudes, preocupações... 

"mas isso não alimenta, não dá força, não apega?" 

quem sente. é quem sabe. 

"não acredito que sente tudo isso ainda.." 

pois é. a vida surpreende. tinha certo medo, de encontrar, de esquecer, de superar... 

"nem eu acredito, nem suporto, nem quero". 

se coloca diante da porta. acompanha todo o dia. fica esperando. ver indo embora. alguém deixa um liquido fresco escorrer dos olhos. não quer falar a palavra que marca tudo isso. deixou de dizer coisas. deixou de sentir coisas. durante o tempo perto esqueceu que algumas coisas devem ser deixadas, devem ser abandonadas em uma memória de simples objetos e linhas. pelo que contou do tempo, dos dias... fica uma memória breve. fica um sentimento forte. que já nem sabe o que é. 

"como não sente raiva, como não sente dor?" 

"como se esquece? como se suporta?" 

"deixando o tempo, deixando os dias, deixando o líquido cair, deixando as palavras gritarem, tentando deixar de sentir"....