terça-feira, fevereiro 27, 2007

asas

por esses dias tenho observado de longe a vida. como um peso nas mãos, que tenta imitar uma caneta que corre à distancia por várias histórias. passou horas... sentada diante do mundo, daquela janela vermelha aberta...um quadro de rua deserta e céu lindo. pairava uma imagem resistente, cheia de declarações, com medo, com gritos e versos presos na garganta. e tentou pular. acreditando ter asas. daquelas que tranpõem qualquer muro, qualquer medo. como se andasse numa estrada feita pros seus pés, com braços esperando pra segurá-la. talvez em algum momento... a sua história, o seu menino...aquele que corria de pés descalços, que via asas nas costas e pulava de tão alto, a puxassse pela mão outra vez. de uma forma tão simples, que bastava que a olhasse, bastava perceber aquele frágil olhar preso à ela ...como se olha pro mar...com fascinação, com desejos, por vezes com pudores, com amor... daquele frágil, que quebra com uma onda mais forte, que faz gritar insultos, que brande arrependimentos, daquele masi perfeito amor humano. não queria ser puxada pelas asas talvez. mas será que essa simplicidade de amor....não a deixaria somente observando na beira da duna, no alto...com asas nas costas...cortadas ou não. mas que a mantinham no chão. queria subir o mais alto... queria o mundo visto das alturas...queria o vento no rosto, a leveza... queria sua essência de volta. mas parece acostumar-se à vida vista pela janela vermelha da sala...o menino ainda dormindo! queria sentir o frescor da manhã sozinha... como se restaurasse o seu vôo... como se de uma caixa vazia fizesse brotar todos os seus sonhos guardados. não ouviria sequer um grito. a felicidade só a fazia explodir em sorrisos. tirou a caixa do armário velho. vestiu aquele vestido de menina...pôs uma flor do cabelo. e pela janela vermelha. daquele seu décimo andar. foi voar, com suas asas, com seus sonhos, pela última vez.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

de volta

alguns dias vão crescer de longe!! demorou um tempo, mas acho que encontro em algum lugar coragem suficiente pra gritar alto que sou do mundo. que nenhum lugar é suficiente, e com a dúvida se alguém pode ser! nunca houve uma manhã tão linda, as nuvens, o céu alaranjado, algumas gotas ocupando o pára-brisa do carro, em alta velocidade. querendo retroceder, não voltar pra casa, não voltar a manter a vida em quatro paredes! voltei com a sensação de alivio, sentindo, ou melhor, acreditando , em todas as possibilidades! ser feliz aqui, ou em qualquer outro lugar! sem falsas prisões, sem roupas pré-determinadas, sem rumo, com anseios de emoções somente! passar e trazer um pouco de cada pessoa comigo! lembrar cada nome, rosto e história! pra sentí-los perto. precisando disso!! correria o mundo hoje se fosse preciso! não preciso de um lugar pra voltar, me sentiria melhor talvez se não esperassem por mim. viver sem rédeas, sabendo da força de cada sentimento e indo atrás pelo menos uma vez! vou guardar todos resquícios na memória, o som da voz, o beijo, as mãos, a vida inteira tão longe! será que basta desejar? será que o mundo tá pronto pra mim?? (que modéstia hein?)

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

amanhã

como começar o dia de amanhã?? com toda esperança de se viver, pelo menos por alguns dias, um modo de vida diferente, que seja por andar na areia o dia inteiro e ver cada nascer e pôr de sol! mais um desses feriados habituais, pensando em deixar que a vida me mostre quando é melhor pra voltar, me acostumando aos poucos, deixando as sensações se unirem à pele, calma e lentamente!!! espero voltar com todas elas, com uma simplicidade inerente ao corpo de hoje!

domingo, fevereiro 11, 2007

mais uma

mesa de bar. outra daquelas tantas conversas sobre o dia, sobre a vida. “- como é que andam as coisas?” – pergunta mais um que chega e adentra a roda de amigos. o som de uma banda mais que conhecida me faz acompanhar o ritmo. e interfiro entre uma frase e outra com comentários a aplausos absurdos. voltando às conversas. evito recolher opiniões, o tom se altera e a obviedade dos assuntos some. já não se fala do dia, das estranhas conversas “quase” póstumas. me vem lembranças quase insuportáveis. pode claro, guiar o olhar à quitarra, como se pudesse tocar observa o dedilhar das notas. tão frágil, como na noite passada. alguém lê um desses contos de clarice, e se sente junto cada palavra e pausa, como se esse ler trouxesse pra perto toda a força encarnada nas palavras. ah, se um dia ousasse a minha letra a esse ponto. mais uma. outra. volta a mulher, de quem nunca se lembra o nome, trazendo a solução dos problemas diários. reconhece os rostos absortos, enquanto cada um observa atentamente o próprio copo, servem-se cinco dos mais fiéis amigos de bar. eu, no entanto, nem percebo o copo. a mente pausa longe em uma dessas folhas que o vento leva do chão, quase um suicídio de folhas secas que se deixam levar e pisotear. os sons interferem e canto junto sem perceber, “a sombra na televisão...”. e mais um tema, discussões acaloradas me voltam à mesa. tanta paranóia e preguiça que guia os controles remotos desse mundo... sem outra palavra, paranóico mesmo. muda de canal com os intervalos. nova cerveja. novas conversas. parte pro mais profundo sentimento que nem mais o olhar controla. absurdamente trágico. absurdamente real. e entre um samba e outro choramos por mais um brinde, por mais...já nem sei quem seja, e talvez não me valha saber. só outro desses distúrbios emocionais. me despeço duas, três vezes. um aperto de mão não tão forte, um abraço que tenho medo de dar, a iminência de uma despedida absoluta. um último brinde na mesa, secando o deradeiro copo. pra coragem me fazer admitir. “choro um samba por você”. [samba hemp clube]