domingo, fevereiro 11, 2007

mais uma

mesa de bar. outra daquelas tantas conversas sobre o dia, sobre a vida. “- como é que andam as coisas?” – pergunta mais um que chega e adentra a roda de amigos. o som de uma banda mais que conhecida me faz acompanhar o ritmo. e interfiro entre uma frase e outra com comentários a aplausos absurdos. voltando às conversas. evito recolher opiniões, o tom se altera e a obviedade dos assuntos some. já não se fala do dia, das estranhas conversas “quase” póstumas. me vem lembranças quase insuportáveis. pode claro, guiar o olhar à quitarra, como se pudesse tocar observa o dedilhar das notas. tão frágil, como na noite passada. alguém lê um desses contos de clarice, e se sente junto cada palavra e pausa, como se esse ler trouxesse pra perto toda a força encarnada nas palavras. ah, se um dia ousasse a minha letra a esse ponto. mais uma. outra. volta a mulher, de quem nunca se lembra o nome, trazendo a solução dos problemas diários. reconhece os rostos absortos, enquanto cada um observa atentamente o próprio copo, servem-se cinco dos mais fiéis amigos de bar. eu, no entanto, nem percebo o copo. a mente pausa longe em uma dessas folhas que o vento leva do chão, quase um suicídio de folhas secas que se deixam levar e pisotear. os sons interferem e canto junto sem perceber, “a sombra na televisão...”. e mais um tema, discussões acaloradas me voltam à mesa. tanta paranóia e preguiça que guia os controles remotos desse mundo... sem outra palavra, paranóico mesmo. muda de canal com os intervalos. nova cerveja. novas conversas. parte pro mais profundo sentimento que nem mais o olhar controla. absurdamente trágico. absurdamente real. e entre um samba e outro choramos por mais um brinde, por mais...já nem sei quem seja, e talvez não me valha saber. só outro desses distúrbios emocionais. me despeço duas, três vezes. um aperto de mão não tão forte, um abraço que tenho medo de dar, a iminência de uma despedida absoluta. um último brinde na mesa, secando o deradeiro copo. pra coragem me fazer admitir. “choro um samba por você”. [samba hemp clube]

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