domingo, abril 12, 2009

ela disse: quando fecho os olhos não vejo, só tento ouvir. o melhor agora é não reconhecer a voz. em alguns momentos a distração ajuda. você não sente mais os toques leves, nem percebe a mão encostar. tento todas as noites só ouvir e ter a cada fechar de olhos uma nova sensação. quem sabe dessa vez eu não vá para o canto... quem sabe dessa vez eu não desvie, me permita.
ele disse: sem tantas permissões. sem tantos desejos. assisto a maçaneta girar devagar. já sem tantas precipitações, já não correr para porta. finge não ver. fingi não ouvir. se anula um pouco. fica só. se permitindo pros outros, não pra você. quando se sacia um desejo ele talvez renasça diferente.
e com suas opiniões, sensações e desejos diferentes. não conseguem ficar longe. toca a mão dela. encosta no ombro. mexe nos cabelos. se deixa ficar. perde a imunidade, perde a proteção. se deixa a flor da pele. pra cada sensação nova, pra cada continuação que surja. de uma imagem em preto e branco a cor surge. a cor é quase a respiração da vida. sem cor o tempo não passa. sem a cor não se tem vida e sem vida não se tem porque respirar. com a cor tudo é superado, em algum momento se vê uma especie de arco iris que prevê dias mais felizes.
: cigarra e borboleta.

Um comentário:

passarinha. disse...

bom escrever com uma cigarra.

:*