sexta-feira, junho 11, 2010

contando

em uma sala vazia, em um andar vazio. já faz algum tempo que não passo tanto tempo diante de uma tela branca sem saber o que escrever. vou tentando e ocupando as linhas. cada vez mais devagar. sensações no minimo estranhas, sons no minimo impróprios. do elevador vazio. da porta abrindo. junto aos sons habituais. tantos e tantos. uma saída rápida pra mais um cigarro. mais um xicara de café. tentando fazer o tempo passar devagar e ele corre. uma noite que promete ser longa, ser intensa. como tantas. comum. cansativa. excessiva. será que importa essa sensação e esse descaso com que tenho levado a vida? será que realmente faz diferença pra alguém? acho que me soltei do mundo e de todas as limitações e incoerências que as pessoas proclamam. bradam. gritam. o que se faz em silêncio. o que se espalha pela vida.

vai contando histórias próprias, abrindo o próprio livro e deixando-se ler. será que conhecer tão bem alguém pode, de fato, gerar certa repulsa? acompanha os olhos que se abrem com sono, o café frio do dia anterior, o cigarro matinal, o imenso percurso do dia, as noites mal dorminas, o excesso de bebida. acompanha. vai falando mais alto, contando mais, pedindo mais atenção. como se consegue ficar sozinha em um ambiente barulhento e cheio? peço sugestões.

se sente deslocada. se sente ao mesmo tempo superior e inferior. maior e menor. parece que em poucos segundos toda a sensação e as escolhas mudam. de uma garota, mulher, menina visualmente feliz. parte pro clímax oposto. aí está a grande história, o apice. que vai lentanmente se transformando em um fim de filme, música, história. não acho que desenvolva uma trajetória clara. mas será que é necessário? não acho que as coisas por aqui façam sentido, não espero que façam. vou deixando uma parte de mim fluir de um jeito estranho e contar um pedaço, um segundo, um minuto (no máximo) de algumas dessas sensações.

as vezes não acho que quero tanto. quero uma folha. um lápis. uma tela, um teclado.
uma música. um conto curto de um bom dia. um sorriso mais livre, não daqueles que se forçam pelo reconhecimento, não de cumprimento. quero mais tempo. mais cuidado. mais respostas. mais força. mais companhias. qual é a principal busca? qual é o principal desejo e medo que coexistem num corpo só? se me ensinar a superar talvez os sentidos se alterem. talvez eu traga de volta a beleza de certas linhas. talvez eu saiba o que escrever. talvez eu construa novas histórias. sem uma auto-biografia pseudo poética na qual tenta se camuflar.

se as pessoas tem medo de deixar a vida contar. eu continuo. sem importar se alguém reconhece. se alguém se encontra. quero mais é guardar no tempo as experiências que eu tive, que eu tenho e que eu posso ter.

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