segunda-feira, maio 17, 2010

personagem


A personagem é de fato quem quer ser. Pelo menos por uma noite, extrapolando limites, indo aos extremos, excedendo. Na manhã do dia seguinte os excessos cometidos fazem diferença. Semana conturbada, se deixou fora de si por muito tempo. Entre mensagens, ligações e encontros desnecessários. Sem arrependimentos absurdos, quase não faz parte dela esse pedido insano de desculpas. Se quiser que queira assim. Será que tem certeza disso? Lapsos claros na memória, horas apagadas, sono insuficiente, dor de cabeça. Disfarça o tropeço público, perde a vergonha de sentar no bar e ficar sozinha. Hoje espera que o olhar tenha sido menos explicito do que lembra. O que descontrola alguém assim? Tem medo de abrir a vida, mas abre. Tem medo de falar alto, mas grita. Tem medo de olhar e falar, mas sente. Tranca o caos, guarda, e explode. Insuportável até para ela mesma. O cuidado anula um pouco a vida. E vai pelo meio das ruas, a hora que for, e vai por caminhos estranhos, como se a confiança, o excesso, o descaso... a protegesse. A vida está chamando agora. Precisa ser mais racional, sensata, até a loucura impõem seus limites. Por hora, senta diante da tela, se protege na personagem que só pensa que é. Enquanto esconde as imperfeições do corpo, dos desejos (nem sempre reais) do que precisa? Agora? Ver o céu. A dimensão dos sentimentos e a reação à eles não pode ser compreendida por aqui. As pessoas se protegem de modos diferentes. Tem medo de modos diferentes. Sentem de modos diferentes. Pena que esse modo pode ser insuportável para todos. Agora faz sentido. Como se convive com um personagem tão instável? Se alguém souber me conta. O sonho e o desejo se anulam. Deixa de achar possível uma mudança nos dias seguintes.

Depois da noite. Parece que o tempo passa devagar.  Alguma coisa errada, que não lembra. Acorda com o rosto marcado da noite mal dormida, com sobras de maquiagem nos olhos. Com vontades precipitadas. Com ações precipitadas. Mas será que as pessoas realmente devem se impor controle? Se quer ligar, se quer escrever, se quer tentar, desistir, lutar, sentir, fazer, gostar... que faça! Se as pessoas se importam com as reações, as vezes estranhas demais talvez (na verdade eu sei que são) pode pura e simplesmente ser a indicação que essa idéia de caminho era precipitada demais (errada). Os encontros são diferentes, os sentimentos nunca são claros assim. Sem paranóia, sem precipitações, sem excessos, sem confusão, sem caos, sem loucura (só por um tempo), me despeço. A vida segue, e por um tempo, tenho outras coisas a fazer.   

Um comentário:

Rafael Ayala disse...

Todos podemos ser quem queremos ser.
Personagens de nós mesmos?
Personagens diferentes a cada dia?
Não podemos mudar?
Precisamos ser constantes ou inscontantes?
Qual o grau de normalidade?
Até onde aguentamos arrependimentos o suficientes para realizarmos uma mudança?

A vida, graças a Deus, segue.
Não tem nada mais bonito que isso.
Estando triste ou alegre, a vida segue!
Beijos e abraços!
=]