como em um canal obscuro informações se desenrolam. e há quem esteja lá pra observar os anéis a correr pelos dedos, o sol desfalecer no horizonte. há quem perceba o suor do nervosismo e o mágico acontecer de qualquer cena. -----[basta observar]----- dois homens sentados, meio distantes um do outro. imersos em uma multidão absurda pra uma quinta feira. sem conversas. sem perguntas. "- que horas são?" o tempo não importa quando todos já podem somente tirar telefones do bolso e conferir. não há mudança de temperatura que lhes valha o argumento. algo, como um clima, sugere o medo da pergunta. -----[passa alguém correndo, como um vendedor ambulante. os sons das moedas, guardadas no bolso, batento umas nas outras me tira a atenção por alguns segundos.]----- tempo suficiente pra um dos homens se distanciar. levanta e sai com uma pressa que surge subitamente. o outro ganha uma liberdade de espaço, talvez deitasse no banco se pudesse. despois de algum tempo descruza os braços. descansa do constrangimento anterior. talvez a minha observação o tenha surpreendido acompanhado. se esconde com a mão recostada ao queixo. se sente ameaçado, talvez. se protege, se reserva. cansa desse olhar frequente. levanta, muda de banco e se surpreende só.
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