quinta-feira, novembro 30, 2006

maquiagem

ela, seus olhos presos, sendo contornados por um lápis preto. montava uma nova personagem a cada dia, às seis da manhã. como se pudesse tornar as coisas melhores com essas fantasias de uma vida diferente. não conseguia entender que do passado era incapaz de transformar. vivia plena de lembranças, quase como se fossem o seu presente. sei que era difícil, uma menina que construía a vida, que lapidava qualquer sentimento que começava a surgir. não podia aceitar tal idéia. escolhia pelo quarto e por seus papéis jogados pelo chão, sua vida eram suas histórias.

[...]

o vento acalmava seus receios. já não sabia se queria ser encontrada. ou se jogar de vez, pelo abismo de terra além da estrada. seria essa uma nova forma de começar?
era um velho espelho. já percebia que pelas ruas seguiam seus segundos de caminhada até o trabalho. era visível a maquiagem forçada. como se essa fosse a forma de convencê-los que podia. era quase como um frasco, bem dizem que os melhores perfumes estão nos menores frascos. era leve. aparentava fragilidade. mas tinha aprendido finalmente que há outras formas de se tornar uma pessoa mais forte.

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